Primeiro mês de Piza no Botafogo-PB tem voto de confiança ao elenco e bons resultados
Técnico retornou ao Belo, apostou em mudanças pontuais no elenco e injetou confiança nos atletas
Vitor Oliveira e Vitória Soares
15 de maio de 2024

A terceira passagem de Evaristo Piza no Botafogo-PB teve início há exatamente um mês, quando o técnico foi anunciado para substituir Moacir Júnior. Os desempenhos com o antigo comandante não eram convincentes e passavam longe de ser unanimidade internamente. Após a perda do título paraibano contra o Sousa, diante de um Almeidão lotado, a mudança se tornou uma opção iminente. E, de fato, aconteceu. Só que, com a base do mesmo elenco vice-campeão, somada às chegadas de algumas contratações, o bom futebol e os resultados apareceram nos quatro primeiros jogos da Série C do Brasileiro, injetando a confiança necessária para almejar a classificação para a próxima fase da disputa nacional.

Identificado com o clube, aprovado por grande ala da torcida botafoguense e comandante do último título do Belo, em 2019, Piza retornou ao Alvinegro da Estrela Vermelha, deu um voto de confiança à maioria do plantel que encontrou e realizou mudanças, com essas próprias peças, que resultou, até o momento, em três vitórias, um empate e a vice-liderança da Terceirona.

“Está sendo bem legal. O grupo está muito satisfeito, muito contente com o trabalho que está sendo desenvolvido pelo Piza. A característica do grupo se adaptou bem ao estilo de jogo dele. É um grupo técnico, mais leve, e ele está dando autonomia, liberdade para o pessoal da frente criar. A rapaziada está sendo se sentindo bem à vontade. Defensivamente, ele deixa a gente também bem seguro. Somos um time que corre poucos riscos, apesar de ter bastante a bola, de ser mais ofensivo. Está sendo muito bom”, disse Wendel Lomar, atleta que está no elenco desde o início da temporada.

Dudu comemorando com Evaristo Piza o gol marcado contra o Caxias (Foto: Cristiano Santos/Botafogo-PB)

Evolução do time com proposta ofensiva

Enquanto a defesa sempre foi um dos pontos fortes ao longo da temporada, o setor ofensivo ainda tinha dificuldades de engrenar. A falta de um meio-campo mais criativo, que desse um melhor repertório ao ataque, trazia um sinal de alerta sobre até que ponto o Belo conseguiria ter resultados em uma competição mais longa e exigente como a Série C do Brasileiro.

Em sua terceira passagem pelo Botafogo-PB, o grande desafio de Evaristo Piza seria dar uma cara nova ao ataque do Alvinegro da Estrela Vermelha. Nos seus primeiros dias de trabalho, o técnico já percebeu que o plantel poderia entregar mais ofensivamente. O técnico explicou que notou que os jogadores estavam “presos” e que ele teria essa missão de “soltá-los”, dando respaldo para que eles pudessem ter mais liberdade no ataque.

Na estreia da Terceirona, diante do Floresta, já foi possível ver uma evolução ofensiva, com um meio mais leve, buscando mais triangulações, além de apostar no jogo mais rápido pelas pontas, evitando muitos cruzamentos. A pequena mudança foi traduzida no resultado: 2 a 1 para o Belo.

A evolução no setor ofensivo foi mais perceptível na partida contra o Remo. Aproveitando a pouca competividade dos paraenses, o Botafogo-PB dominou as ações do jogo e teve um grande volume de jogadas. Ao todo, foram 22 finalizações no jogo. No entanto, a proposta mais incisiva não se refletiu em efetividade, tanto que o time botafoguense venceu pelo placar mínimo.

Na rodada seguinte, o Alvinegro teria um teste mais difícil para o seu ataque: passar pelo Volta Redonda, um adversário que rendeu três derrotas ao Belo na terceira divisão da temporada passada. Mesmo com cinco desfalques, o Botafogo-PB correspondeu. Com um meio de campo mais encorpado, o time conseguiu criar, ser efetivo e contar com a atuação inspirada de Edmundo para vencer por 3 a 1.

Pipico e Joãozinho comemoram gol no duelo contra o Remo, no Almeidão (Foto: Cristiano Santos / Botafogo-PB)

Recuperação de atletas

Outro ponto do trabalho de Evaristo Piza, nesses 30 dias à frente do Botafogo-PB, é a recuperação de jogadores que vinham sendo muito contestados. Com a mudança na formação no esquema tático e na forma de jogar, atletas como o meia Bruno Leite, o volante Thallyson, o lateral-esquerdo Evandro e o centroavante Pipico conseguiram se reencontrar com o bom futebol.

Uma das marcas dos trabalhos do técnico, nas outras duas passagens pelo Botafogo-PB, ficou por conta da boa relação com os jogadores no dia a dia. Nesta terceira passagem, as relações parecem ser estreitas como aconteceu nas outras oportunidades. Isso porque, mesmo com pouco tempo comandando o Belo, o técnico parece ter tornado o ambiente mais leve e propenso às mudanças.

Com a saída de Rodrigo, Thallyson assumiu a função de primeiro volante, auxiliando bastante na marcação. Bruno Leite, que vinha como reserva, mas marcando gols decisivos, retomou a titularidade no meio, com muito mais liberdade. O meia se tornou mais participativo no setor de criação, flutuando na área central, pelos lados e pisando ainda mais na área. Quem também retomou a confiança foi Evandro. O lateral-esquerdo se tornou mais efetivo, contribuindo com duas assistências nos quatro primeiros jogos da Série C.

Com boas atuações e gols decisivos, Bruno Leite vive o seu melhor momento com o Botafogo-PB (Foto: Cristiano Santos/Botafogo-PB)

Pipico também se reencontrou com a chegada de Piza. Depois de perder o pênalti decisivo na final do Paraibano, o centroavante estava sendo muito cobrado. O atacante voltou a sua fase artilheira e balançou a rede duas vezes contra o Remo e o Volta Redonda. O experiente jogador destacou que a retomada do seu bom momento passou pela mudança na formação tática e no postura mais ofensiva do time.

Voto de confiança ao elenco

Com a chegada de Piza, a expectativa era de que houvesse uma grande reformulação no elenco. Mas o treinador foi à contramão e optou por manter a base que iniciou a temporada. Na sua coletiva de apresentação, o técnico ressaltou que precisaria conhecer o elenco, mas que confiava no grupo, principalmente, por ter mostrado resultados no Paraibano e na Copa do Nordeste.

O pacote de seis reforços que o Botafogo-PB anunciou logo após o fim do Paraibano, inclusive, aconteceu no mesmo dia do anúncio da contratação do comandante. Desde que chegou, a única contratação que foi oficializada foi a do goleiro Caio Alan.

Evaristo Piza tem criado relação estreita com os atletas, a exemplo das outras passagens pelo clube (Foto: Cristiano Santos / Botafogo-PB)

Mesmo confiando no elenco, alguns jogadores se despediram do Belo nesse período. Como uma forma de desinchar o grupo, cinco jogadores não permaneceram para a Série C: os volantes Sousa Tibiri e Júlio Rusch, o meia Juan Xavier, o meia-atacante Bruno Mota e o atacante Kiko.

Piza ainda demonstra a sua confiança por meio de transparência com os jogadores. Um exemplo disso aconteceu com Warley Júnior, que vive um momento de baixa técnica no Belo. Durante uma coletiva, Piza elogiou o jogo ofensivo do meia, mas destacou que ele precisaria ajudar o time no jogo sem a bola. Logo depois do jogo contra o Caxias, Warley disse que entendia o seu momento no banco de reservas e que os conselhos de Piza são para o seu crescimento.

Gols sofridos de bola parada ainda preocupam

Dois dos três gols sofridos pelo Botafogo-PB na Série C do Brasileiro surgiram de bola parada. Contra o Caxias, no empate em 1 a 1, Álvaro subiu sozinho, absoluto, para cabecear após cruzamento de escanteio. Diante do Volta Redonda, no último domingo, o gol de empate, na vitória por 3 a 1, foi de Ítalo, que, sozinho dentro da área, completou para o gol sozinho após Dalton espalmar uma cabeçada de Zé Vitor. Ainda durante o duelo contra os cariocas, essas situações ainda fizeram o Belo correr riscos na construção do placar.

Números de Piza até o momento

  • Jogos: 4
  • Vitórias: 3
  • Empates: 1
  • Gols marcados: 7
  • Gols sofridos: 3
  • Aproveitamento: 83%

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Foto 1: Cristiano Santos / Botafogo-PB

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