Pelo segundo ano consecutivo, o Mixto-PB vai representar a Paraíba no Brasileirão de Futebol Feminino A3. O atual campeão paraibano está se preparando há mais de um mês para a competição nacional que está prevista para começar no dia 30 de março.
Faltando um pouco mais de uma semana para o início do campeonato, o Mixto-PB vive ainda muitas incertezas. Além da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ainda não divulgar o formato e a tabela da disputa, o time de João Pessoa tambémenfrenta dificuldades para encontrar patrocinadores que apoiem o time.
De acordo com o presidente do clube, Marconi Silva, nem mesmo a conquista do título estadual no ano passado fez com que o time conseguisse mais patrocínios para 2024.
“Já batemos em várias portas. Muitos patrocinadores alegam porque que se fosse masculino com certeza teria um monte de abadá. Mas, como é feminino, a gente recebe muito não. Eu fico sem entender como um país quer valorizar o futebol feminino. A gente não consegue um patrocínio. Recebemos não de grandes empresas que alegaram que o futebol feminino não dá retorno. A gente fica triste, fica desmotivado”, lamentou Marconi.
Transporte, uniforme, alimentação, alojamento, materiais de treino e profissionais da comissão técnica são algumas das despesas básicas para fazer o time funcionar. A quantidade de gastos está sendo proporcionalmente maior do que as receitas que o Mixto-PB conseguiu. Até agora, o clube só contou com a ajuda de uma emenda parlamentar, de R$ 50 mil e está indo em busca de mais apoio público. Uma situação que põe dúvidas se o time terá condições de conseguir disputar a Série A3.
“Tanto eu como o representante do VF4 tivemos uma reunião com o Kaio Márcio (secretário de Esportes de João Pessoa), e estamos no aguardo (sobre apoio). A única ajuda que estamos tendo é da emenda parlamentar do vereador Dinho. Fora isso, não estamos tendo mais apoio. E, hoje, para fazermos um futebol feminino campeão do estado e participar de um Brasileiro, R$ 50 mil ajuda, mas não é o suficiente. Temos um ponto de interrogação se, realmente, depois de tanto gasto estamos tendo, vamos encarar um Brasileiro ou não, por conta da dificuldade que está enorme”, desabafou o dirigente.
Além disso, o Mixto-PB vem encontrando dificuldades para os treinamentos. O clube pessoense não conseguiu encontrar um campo disponível para treinar em João Pessoa, por isso, a alternativa tem sido se deslocar até a divisa de Conde/Santa Rita, para fazer os treinamentos com bola no campo do Rio da Geladeira, uma vez por semana.
Esperança nos talentos
Se fora das quatro linhas o cenário não é favorável para o Mixto-PB, dentro de campo, o time conta com o talento das jogadoras. Uma delas é Tamara Alves. A atacante de 23 anos, vai para a sua terceira temporada defendendo o Mixto-PB e para a sua segunda disputa da Série A3 do Brasileirão Feminino.
No ano passado, ela marcou 12 vagas, sendo a vice artilheira do futebol paraibano. Para 2024, ela quer seguir balançando as redes por muitas vezes.
“A gente vem numa expectativa muito boa. Meu grupo passa muita confiança para mim. E se Deus quiser continuar nessa vibe, fazendo muitos gols, para poder ajudar a equipe”, disse Tamara.
Se o Mixto-PB vai manter boa parte da base que foi campeã estadual no ano passado, por outro lado, a equipe vai contar com novos nomes de outros estados do Brasil. Como é o caso de Karen Loureiro, meia-atacante de 22 anos. Vinda do Espírito Santo, onde jogou pelo Prosperidade, ela vai para a sua primeira experiência no futebol feminino no Nordeste e na Série A3 do Brasileirão Feminino.
“A A3 é a primeira vez. Já disputei o Brasileiro Sub-20 (pelo Botafogo). A gente vem trabalhando todos os dias, em vários ambientes diferentes, mas com muita intensidade, buscando evoluir. O clube tem uma estrutura muito boa, graças a Deus. Temos o apoio do nosso presidente e de toda a comissão, então, avalio de forma positiva”, explicou Karen.
No ano passado, na sua primeira participação, o Mixto-PB foi chamado às pressas para participar da A3. Por conta de uma punição sofrida pelo Iranduba, que foi excluído da disputa, o time paraibano conseguiu uma vaga, faltando 15 dias para começar o campeonato. Mesmo com o tempo curto de preparação, o clube se organizou e fez a sua estreia diante de outro paraibano, o VF4. Perdendo na ida por 2 a 1 e empatado na volta por 1 a 1, o Mixto-PB se despediu do Brasileirão ainda na primeira fase. Agora, com mais tempo de preparação, o time está mais confiante como conta Marconi Silva.
“Esse ano, estamos mais confiantes, é um elenco onde ficaram as principais atletas que participaram desse A3 e estamos trazendo algumas meninas para que fique mais forte e a gente possa chegar mais longe, também não está fácil a Série A3”, destacou o presidente do Mixto-PB.