Relembre sete traumas do Botafogo-PB na Série C, desde 2014
Belo vai para a sua 11ª participação na terceira divisão nacional. Estreia será diante do Floresta neste domingo (21)
Vitória Soares
20 de abril de 2024

O Botafogo-PB começa mais uma Série C do Brasileiro neste domingo (21) enfrentando o Floresta, no estádio Presidente Vargas. Uma competição que o Belo conhece bem. Esse é o 11º ano consecutivo que o Alvinegro do Estrela Vermelha disputa a terceira divisão. E essa trajetória é cheia de episódios que deixaram marcas na memória do torcedor botafoguenses.

O Arena Correio vai relembrar alguns momentos em que o Botafogo-PB ficou por um triz de conquistar o tão sonhado acesso à Série B ou precisou passar por alguns sufocos para escapar do rebaixamento.

2014: eliminação dolorosa na rodada final

Se a esperança do hexa tinha ido por água abaixo depois do vexatório 7 a 1 para a Alemanha, na Copa do Mundo disputado no Brasil, para a torcida do Botafogo-PB o tão sonhado acesso parecia algo possível, embalados por um ano anterior com título da Série D. Isso porque o time havia passado 17 rodadas da primeira fase da Série C na zona de classificação do grupo A.

Vindo de dois jogos alguns jogos sem vencer, o Belo precisava de apenas uma vitória para se garantir nas quartas de final. Na última rodada da fase de grupos, o Alvinegro da Estrela Vermelha foi até o Pará enfrentar o Águia de Marabá, que lutava contra o rebaixamento.

Nem mesmo a base campeã da Série D, com Pio, Doda, Lenilson, que contou com a chegada de reforços de peso, como o atacante Frontini, foi o suficiente para evitar a despedida melancólica da Série C. O placar final em 2 a 1 fez a festa da torcida paraense que respirou aliviada pela permanência na terceira divisão. A alegria não foi a mesma para o lado paraibano, que presenciava o início de um calvário que já dura 11 anos.

2016: derrota no último lance para o Boa Esporte, no mata-mata

Naquele ano, o Botafogo-PB ficou a um passo do acesso à Série B. Na primeira fase, o Belo terminou em terceiro colocado num Grupo A que contava com grandes times do futebol do Nordeste/Norte, tais como Fortaleza, ABC e Confiança.

Nas quartas de final, a luta pelo acesso seria contra o Boa Esporte, que buscava retornar à Série B depois de cair no ano anterior. Na partida de ida, um empate sem gols no Almeidão.

Botafogo-PB não conseguiu segurar o empate que levaria a decisão para os pênaltis. (Foto: Facebook / Boa Esporte Clube)

Na volta, o jogo em Varginha trouxe à tona o fantasma dos acréscimos. Até os 50 minutos, o placar seguia zerado em um jogo com chances para os dois lados. Mas Gênesis, que havia entrado aos 28 minutos do segundo tempo, acabou com qualquer esperança botafoguense. O goleiro Michel Alves não conseguiu evitar o chute de fora da área do atacante, que sacramentou mais um ano do Botafogo-PB sem o acesso.

2017: trocas de técnicos e briga contra o rebaixamento

O Botafogo-PB queria escrever uma história com final feliz na Série C de 2017. Antes de iniciar a competição nacional, o Belo conquistou o Campeonato Paraibano. Mesmo com um desempenho abaixo do esperado na Copa do Brasil e na Copa do Nordeste, o título estadual parecia dar novas perspectivas para o torcedor alvinegro.

O que ninguém esperava é que essa nova história fosse escrita com muitos requintes de drama. O começo da Série C se mostrou promissor. Primeiro com o Belo vencendo o Confiança e quebrando um tabu de dois anos sem vencer fora de casa na competição. Mas, depois disso, o que veio foi uma sequência dura de cinco derrotas, que deixou o time na sétima posição do Grupo A, com dois pontos acima da zona do rebaixamento. O técnico Itamar Schülle não resistiu e foi demitido depois da 12ª rodada.

Em 2017, Itamar Schülle estava em sua segunda passagem pelo Botafogo-PB. (Foto: Divulgação/Botafogo-PB)

Ademir Fonseca foi escolhido para tentar salvar o Botafogo-PB do tão temido rebaixamento. No entanto, o treinador mineiro não conseguiu trazer os resultados esperados. Depois de três derrotas e apenas uma vitória, com o time seguindo na luta contra o rebaixamento, Ademir se despediu da Maravilha do Contorno.

Na última rodada, o Botafogo-PB enfrentaria o já classificado Sampaio Corrêa na partida que definira os rumos do time paraibano para o ano seguinte. Para escapar do rebaixamento, o Belo precisava vencer a equipe maranhense e ainda torcer para um tropeço do Moto Club diante do Fortaleza. Sob o comando do técnico interino Ramiro, o Alvinegro da Estrela Vermelha conseguiu fazer a sua parte e venceu o Sampaio por 3 a 2, fora de casa. O respiro de alívio da permanência na Série C só veio depois da confirmação da vitória do Fortaleza contra o Moto Club.

Botafogo-PB conseguiu se salvar do rebaixamento na última rodada. (Foto: Lucas Almeida / L17 Comunicação)

2018: mais um acesso que escapou nos acréscimos

Em 2018, o Botafogo-PB fez uma campanha bem diferente de 2017, quando brigou contra o rebaixamento. Naquela temporada, o Belo conseguiu avançar para o mata-mata depois de terminar a primeira fase no quarto lugar com 26 pontos.

Nas quartas de final, o Belo enfrentou o seu xará, o Botafogo-SP. O primeiro duelo foi no Almeidão. O Belo teve domínio de boa parte de jogo e fez o goleiro Tiago Cardoso trabalhar. Ainda na primeira etapa, Marcos Aurélio teve a oportunidade de colocar o time pessoense à frente do placar. No entanto, o camisa 10 acabou desperdiçando a penalidade marcada a favor do Botafogo-PB.

Jogando com casa cheia, o Alvinegro da Estrela Vermelha seguiu pressionando e balançou as redes com Juninho, no segundo tempo, que subiu muito bem entre a marcação e cabeceou para o fundo do gol após um cruzamento preciso de Fábio Alves. A Pantera até tentou buscar o empate, mas o goleiro Saulo garantiu a vantagem pelo lado paraibano no jogo de ida.

Juninho comemorando o gol marcado contra o Botafogo-SP, no Almeidão. (Foto: JOSEMARPHOTOPRESS/ Josemar Gonçalves)

Na partida de volta, em Ribeirão Preto, o cenário parecia estar favorável ao Belo. A equipe comandada por Evaristo Piza conseguiu segurar o ímpeto ofensivo do time paulista e ainda teve a chance de marcar, se não fosse o goleiro Tiago Cardoso. Mas o fantasma dos acréscimos voltou a atormentar o Botafogo-PB. Aos 47, após um bate e rebate, a bola sobrou para o artilheiro Caio Dantas, que chutou forte e marcou o gol que levou a decisão para os pênaltis.

Nas penalidades, as equipes estavam com um bom aproveitamento. Porém, a partir da quarta cobrança, as coisas começaram a desandar para o lado paraibano. Juninho, que marcou o gol da vitória no Almeidão, mandou a bola no travessão. Na cobrança seguinte, o goleiro Saulo ainda deixou o Belo vivo, após defender a cobrança Everson Santos, da Pantera. No entanto, na quinta cobrança, Marcos Aurélio, que havia perdido um pênalti no jogo de ida, viu o goleiro Tiago Cardoso defender mais uma vez a sua batida e colocar Botafogo-PB em desvantagem. O sonho do acesso à Série B acabou quando Felipe Augusto converteu a última cobrança, decretando a vitória do time de Ribeirão de Preto.

2020: briga contra o rebaixamento

A pandemia da Covid-19 marcou um momento atípico em todo o mundo. No futebol, não foi diferente. Mas, para o Botafogo-PB, o ano de 2020 seria ainda mais conturbado, dentro e fora de campo. Contratações frustradas, dificuldades financeiras, briga política e troca de técnicos foram os principais elementos para a campanha frustrante do Belo na Série C, passando muito longe do acesso à Série B.

O começo na Série C já demonstrava que o caminho na competição não seria fácil. Após a demissão de Mauro Fernandes, que foi eliminado na semifinal do Paraibano diante do Treze, Rogério Zimmerman foi o escolhido para conduzir o Belo na terceira divisão nacional. Porém, o time demorou a engrenar. O Alvinegro da Estrela Vermelha só conseguiu a sua primeira vitória somente na quinta rodada contra o Imperatriz.

Rogério Zimermmann não conseguiu engrenar com o Belo na Série C. (Foto: Divulgação/Botafogo-PB)

O trabalho de Zimermman não engrenou, e ele foi demitido na 13ª rodada, deixando o Botafogo-PB na zona do rebaixamento do Grupo A, com 12 pontos.

Evaristo Piza, que havia começado a temporada como técnico do Belo, foi recontratado para tentar salvar o time de um rebaixamento inédito para a Série D, faltando sete jogos para o fim da primeira fase da Série C. Somando três vitórias, três empates e uma derrota, o Piza conseguiu cumprir a sua missão de deixar o Alvinegro da Estrela Vermelha na terceira divisão.

O jogo que decidiu a permanência na Série C foi diante de um de seus maiores rivais, o Treze. Um Clássico Tradição que valia muito para o Galo da Borborema, que também lutava contra o rebaixamento. Pelo lado botafoguense, um empate bastava. Já para a equipe galista só a vitória interessava. O Almeidão foi palco do duelo válido pela última rodada da primeira fase. Neto Baiano abriu o placar para o time de Campina Grande. Mas David Batista entrou no segundo tempo e decidiu para os botafoguenses, deixando o placar final em 1 a 1.

David Batista comemorando que rebaixou o Treze. (Foto: JOSEMARPHOTOPRESS/ Josemar Gonçalves)

Com o empate, o Botafogo-PB somou 20 pontos e se salvou do rebaixamento e dando fim a um ano conturbado na Maravilha do Contorno. Enquanto o Treze ficou com 19 pontos, caindo para a Série D.

2022: mais uma eliminação na rodada final após 17 rodadas no G-8

Mais uma vez, o Botafogo-PB viu o tão sonhado acesso ficar adiado pelo 10º ano consecutivo. Depois de um primeiro semestre frustrado, ficando com o vice-campeonato do Paraibano e eliminado nas quartas de final da Copa do Nordeste, a Série C era a esperança que ainda restava para o Belo.

O que o torcedor botafoguense não esperava, era a saída de três peças importantes que afetaram diretamente o desempenho do Belo na Série C. Logo após a disputa do Paraibano, o meia Anderson Paraíba, uma peça importante no setor de criação do Botafogo-PB, foi para o Remo.

Depois, na 11ª rodada da Série C, foi a vez do técnico Gerson Gusmão arrumar as malas rumo ao Leão do Norte. A situação que já estava complicada, ficou ainda mais quando o artilheiro do Belo, Gustavo Coutinho, foi para o Sport, disputar a Série B.

Gustavo Coutinho deixou o Botafogo-PB como artilheiro da equipe com 19 gols marcados em 32 jogos. (Foto: Guilherme Drovas / Botafogo-PB)

Àquela altura, o Alvinegro da Estrela Vermelha estava fazendo uma campanha regular na Série C, sempre se mantendo no G-8. No entanto, a perda de Gusmão, Anderson Paraíba e Coutinho tiveram consequências na luta pela vaga no quadrangular. O técnico Itamar Schülle voltou ao Belo com a missão manter o time na briga pelo acesso.

Em oito jogos, a equipe comandada por Schülle não engrenou e começou a acumular uma série de empates. Foram seis. Com apenas uma vitória, o Botafogo-PB chegou na última rodada na oitava posição com 29 pontos, dependendo apenas de um empate contra a Aparecidense, fora de casa. Porém, o Belo acabou perdendo por 1 a 0 e viu o seu adversário pela última vaga no G-8, o Vitória, vencer o Brasil de Pelotas e ultrapassar o time paraibano, avançando para o quadrangular.

Derrota contra o Aparecidense custou a vaga para o quadrangular em 2022. (Foto: Ascom/Aparecidense)

Assim como em 2014, o torcedor botafoguense viu a equipe se despedir de forma melancólica da Série C, sem ao menos conseguir avançar para o quadrangular, depois de passar a primeira fase entre os oito primeiros.

2023: cinco derrotas seguidas no quadrangular

O começo de 2023 não foi nada animador para o torcedor do Botafogo-PB. Com uma campanha frustrante do Campeonato Paraibano, sendo eliminado pelo Sousa na semifinal com uma goleada de 5 a 1, o Belo fez uma reformulação no elenco para a disputa da Série C. Praticamente 90% do elenco que disputou o estadual não seguiu para a competição nacional. A diretoria investiu em jogadores mais experientes, com alguns deles já tendo disputado a Série B, e apostou em Felipe Surian para comandar o time em busca do acesso.

Felipe Surian foi a aposta do Botafogo-PB para comandar o time em busca do acesso em 2023. (Foto: Cristiano Santos / Botafogo-PB)

Mesmo com o elenco totalmente novo, o Botafogo-PB teve um começo invicto nas sete primeiras rodadas e figurando entre os quatro primeiros. Ao longo da competição, o time foi encaixando, principalmente no meio-campo com Wesley Dias e Netinho, e despontava como um dos favoritos ao acesso.

Na primeira fase, o Alvinegro da Estrela Vermelha somou sete vitórias, nove empates e três derrotas, garantindo uma vaga no quadrangular depois de ficar na sexta posição, com 30 pontos.

No entanto, na parte mais importante da Série C, o Botafogo-PB parecia outro time. No primeiro jogo do quadrangular, o Belo venceu o Amazonas em casa, que era um dos favoritos ao acesso e, que, posteriormente, levantaria a taça de campeão. Só que nos cinco jogos restantes, a equipe botafoguense teve uma queda vertiginosa que parecia improvável. Foram cinco derrotas consecutivas que tiraram quaisquer chances do conquistar o acesso.

Alguns jogos foram determinantes para mais uma despedida melancólica da Série C. Na terceira rodada, o Botafogo-PB foi até o Mangueirão enfrentar o Paysandu. O Belo estava segurando um bom empate, só que no último lance do jogo, o time comandado por Felipe Surian tomou um gol inexplicável. O Papão da Curuzu cobrou um escanteio rápido e aproveitou toda a desatenção da defesa botafoguense para balançar as redes com Jacy Maranhão.

Na rodada seguinte, mais um encontro com Paysandu, agora no Almeidão. A vitória era muito importante para o Belo seguir vivo por uma das duas vagas do acesso. A grande esperança estava em Pipico, que fazia o seu primeiro jogo como titular. E o atacante correspondeu às expectativas. No primeiro minuto de jogo, ele balançou as redes. Depois, fez o segundo para o Botafogo-PB. Só que antes do intervalo, o Paysandu aproveitou duas falhas dos donos da casa e empatou a partida. Na etapa final, a equipe pessoense não conseguiu reagir e viu o o time paraense virar com Robinho.

No seu primeiro como titular com o Botafogo-PB, Pipico anotou dois gols contra o Paysandu, no Almeidão. (Foto: Cristiano Santos / Botafogo-PB)

Na penúltima rodada do quadrangular, o Botafogo-PB jogava a sobrevida que ainda tinha diante do Volta Redonda. Nem mesmo a força que o time tinha no Almeidão foi suficiente para evitar outra derrota com uma atuação irreconhecível. Com o tempo passando, e o Belo sem conseguir mostrar qualquer sinal de reação para ir um busca da vitória, o Volta Redonda balançou as redes por duas vezes no segundo tempo para selar a sua vitória. Nos acréscimos, Pipico ainda marcou para os donos da casa. O gol, porém, não era o suficiente para apagar a péssima campanha na luta pelo acesso.

Já sem chances de conseguir a vaga para a Série B e com a certeza de que entraria para 11º ano na Série C, o Botafogo-PB encerrou a sua participação com uma derrota para o Amazonas, que já estava classificado para a semifinal.

Receba todas as notícias do Arena Correio no Whatsapp

Foto 1: Foto: JOSEMARPHOTOPRESS / Josemar Gonçalves

Veja também