Os planos para o Botafogo-PB em 2026 não incluem a continuidade do técnico Evaristo Piza à frente do time. Embora a saída surpresa, o treinador se mostrou feliz por concluir seu objetivo nesta quarta passagem, a sua primeira na Era SAF. Nesta nova experiência de formato de gestão, destacou o profissionalismo do Belo com a organização, mas apontou a perda de identidade com as raízes do clube.
A história de Piza com o Alvinegro da Estrela Vermelha começou muito antes da mudança da estrutura organizacional do time para Sociedade Anônima de Futebol (SAF). A primeira passagem do técnico defendendo o time da Estrela aconteceu ainda em 2018, seguindo até 2020. Posteriormente, retornou à equipe em 2024 e conduziu o time na campanha histórica até o quadrangular do acesso.
Todas estas fases do treinador à frente do Belo tem um ponto em comum: aconteceram antes da transformação da gestão alvinegra, quando o clube ainda era uma associação. Sobre esta mudança — em entrevista ao programa Esporte na Pop —, mesmo vendo um time mais profissional com a chegada da sociedade, ele sentiu uma perda nas relações, do contato olho no olho e da valorização das raízes.
Eu estava acostumado com o clube desde 2018 até 2024, que eram dirigentes, que pouco mudou, era uma associação. Pessoas enraizadas dentro do clube, que fizeram o Botafogo-PB que fizeram o time depois ali do acesso em 2013. Pessoas que conduziram o clube até 2024. Breno…sempre por trás ali, conduzindo, uma gestão de pessoas que fazem o futebol por amor e trazendo resultados. Acredito que depois do título de 2013, do Brasileiro, o clube era regido por pessoas que faziam futebol e tinham amor pelo clube. O que eu percebi no meu retorno, foi que a SAF tomou à frente das decisões com muito profissionalismo, não faltou nada em questão de estrutura, estabilidade na questão de orçamento financeiro. Mas eu que vivi muito tempo, de 2018 a 2024, eu senti falta um pouco da raiz do clube. Da essência do Botafogo-PB que eu conheci em 2018. De sentar com o presidente Zezinho, depois do jogo, de tomar uma cerveja com ele, de discutir o jogo. De sentar com o Breno após uma derrota, no olho de lula, falar o que aconteceu na partida. Assim como outras pessoas ligadas. Todos tinham um ‘algo a mais’, por ser uma raiz muito presente dentro do clube. E a SAF vem com dinheiro, com orçamento, vem com grandes ideias de por em prática uma modernidade. Eu acho que isso vai ser importante para o Botafogo-PB, mas não pode perder a essência. Eu acho que se unificar a ideia do Fillipe Félix com a paixão da associação, eu acho que é um projeto que tem tudo para dar certo, comentou.
Evaristo Piza chegou ao Botafogo-PB com uma missão bem definida: livrar o Belo da zona de rebaixamento, evitar a queda e recuperar a confiança do elenco. O dever de casa foi cumprido e, o que se esperava, era que o treinador permanecesse na equipe, principalmente por ter alcançado os objetivos. Entretanto, não foi o que aconteceu, e, quando o contrato chegou ao fim (após a última partida pela Série C), ele foi dispensado.
Em 2024, ano da campanha histórica do clube na Terceirona, mesmo com o bom aproveitamento na primeira fase, o clube não alcançou o acesso, e o técnico foi demitido mesmo com o contrato vigente até 2025. Em uma situação similar, de permanências e saídas, ele falou sobre a sensação de deixar o clube, mais uma vez, mas mostrou respeito pela decisão e ficou feliz por alcançar os resultados positivos nesta passagem.
Acho que é diferente. Não foi nenhuma demissão, né. Só não foi uma continuidade. Eu não tinha contrato. O ano anterior eu tinha contrato, até abril. Agora o contrato tinha um término. Eles optaram em não dar continuidade. O pouco que eu convivi com Filipe Félix, eu vi que ele é um cara muito arrojado, tem pensamentos grandes, ideias de potencializar o geral, não só o futebol, mas as estruturas. O cara pensa grande e a gente tem que respeitar. Eu tive uma boa relação com ele, não tive nenhum tipo de problema, ele me ajudou muito, se mostrou uma pessoas muito positiva, que quer fazer as coisas acontecerem. Ele tem o direito de optar e tomar a decisão que ele quiser pelo clube. Ele tem todo direito. Eu tenho que respeitar, que hoje o clube tem um dono e o dono que manda. Não tem a questão da associação, que tinha os pesos, né. Agora quem dá as cartas é o gestor que adquiriu a SAF. Todo respeito a ele, gosto dele, da maneira como ele toma as decisões. Eu só fiquei surpreso, porque eu não esperava, mas entendo completamente e sem mágoas, disse.
Evaristo Piza deixou o Botafogo-PB após oito jogos pela Série C do Campeonato Brasileiro. No total, foram quatro vitórias, um empate e três derrotas. Além de garantir a permanência do time na terceira divisão, ele recuperou a confiança do plantel e construiu números positivos na evolução física da equipe alvinegra.
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Foto: Cristiano Santos
