‘Não é sentença de morte’: goleiro da seleção brasileira celebra fim do tratamento contra o câncer
Matheus encerrou uma série de sessões de quimioterapia e agora conta os dias para retornar a fazer o que melhor sabe: brilhar nas quadras
Amauri Aquino, Raniery Soares e Sérgio Montenegro
18 de maio de 2025

Um atleta multicampeão da história do futebol de cegos. Matheus Costa, goleiro da seleção brasileira da modalidade, precisou dar uma pausa na carreira para tratar um câncer, enfrentando vinte dias de internação até descobrir o tratamento certo. Um tempo de paciência, mas também de muita fé e perseverança. 

A primeira parte dessa vitória – sem dúvidas a maior defesa da carreira – foi encerrada na terça-feira (13) e agora, o atleta conta os dias para retornar a fazer o que melhor sabe: brilhar nas quadras, com a mesma paixão e determinação que sempre o caracterizou ao longo da sua história no esporte.

Matheus encerrou, na terça-feira, uma série de sessões de quimioterapia e a notícia foi recebida, segundo ele, repleta de emoção.

Foto: Reprodução / Instagram / @matheuscosta12

“Foi um misto de sensações, né? Nós que podemos participar de duas paralimpíadas, parapan-americano e mundial, é uma sensação diferente, é uma conquista diferente, tem um peso tão grande quanto uma medalha de ouro. É uma emoção muito grande estar com minha família. Fizeram uma surpresa fantástica para mim, minha esposa, meus pais, toda minha família, que esteve comigo durante todo esse processo, então, poder fazer a última quimioterapia, é realmente um sentimento de muita gratidão”, afirmou Matheus, que ainda frisou:

“Deus foi muito bondoso, muito misericordioso comigo e terça-feira vai ficar marcada para sempre na minha vida, inclusive porque foi Dia de Nossa Senhora de Fátima. Com certeza é uma data que jamais será esquecida por todos nós”

O goleiro paraibano suspeitou que algo não estava tão certo com a sua saúde, no momento em que retornava das Paralimpíadas de Paris. Mas, o pensamento era de que este cenário era devido a alimentação e a intensidade dos treinamentos. Ao retornar para o Brasil e disputar um Campeonato Brasileiro, 15 dias após o torneio nacional, tudo mudou.

Foto: Reprodução / Instagram / @matheuscosta12

“Eu pedia muito a Deus um descanso, porque realmente eu estava bem desgastado, físico e mentalmente, e aí ele me deu o descanso da forma como ele achava melhor. A semana de investigação, a última de outubro, foi muito angustiante para sabermos o que, de fato, estava acontecendo e receber o diagnóstico de que é um câncer, realmente, é um choque”, contou, também relatando o sentimento do momento quando recebeu o diagnóstico:

“O mais difícil não foi receber [o diagnóstico], foi ter que contar. Reunir minha mãe, meus irmãos, minha esposa, minha família e ter que contar que aquilo que eu estava investigando era de fato um câncer não foi fácil”, relembrou.

O tratamento contra o câncer não abalou Matheus, pelo contrário. Ao longo das sessões de quimioterapia, ele seguiu treinando com os seus companheiros do futebol de cegos.

“As primeiras quimioterapias tiveram mais incertezas, pois não sabíamos como seriam os efeitos. À medida que o tempo foi passando, fui vendo que eu não estava tendo reações e conseguia treinar. Fazia a quimioterapia em um dia, no outro treinava. Teve quimio que eu fiz no mesmo dia, saí de lá às 13h e a noite estava treinando”, relatou.

Matheus publicou, em suas redes sociais, toda a rotina deste período de tratamento. Ele afirmou que ouviu de algumas pessoas que seria um momento solitário, mas o que o goleiro paraibano se deparou, foi com um cenário totalmente diferente.

“Muita gente falava que eu ia viver um deserto, mas o meu deserto foi cheio de amor, de companheirismo e de amizade. Então, se todo deserto for assim, o meu foi maravilhoso. Eu tenho vivido esse deserto junto com as pessoas que eu amo, com as pessoas que sempre estiveram comigo. Isso faz com que o fardo fique bem mais leve”

Sobre expor o tratamento nas redes sociais, que até pode ser criticada por algumas pessoas, Matheus desde o início tinha um propósito.

“Quando resolvi expor que estava com câncer, era pra mostrar pra todo mundo que é possível a cura. Quando a médica me deu o diagnóstico de câncer, ela disse que não era sentença de morte. Hoje ele tem cura, tem tratamento, então eu me apeguei na parte mais positiva do que estava acontecendo, que era a não-sentença de morte. Mostrar isso eu acho que faz com que as outras pessoas possam também sentir que elas não estão no fundo do poço. Ali tem uma saída, há sempre uma luz, sempre uma nova oportunidade de viver”, finalizou.

Foto: Reprodução / Instagram / @matheuscosta12

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Fotos: Reprodução / Instagram / @matheuscosta12

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