Jogo da Esperança: Belas do Belo utilizam o futebol como forma de ressocialização
Equipe alvinegra promove há alguns anos um amistosos com as reeducandas do presídio Júlia Maranhão
Vitória Soares
21 de dezembro de 2024

O que pode parecer uma simples partida de futebol, para as mulheres que estão no presídio Júlia Maranhão, em João Pessoa, se torna um dos momentos mais especiais do ano. Chamado de “Jogo da Esperança”, o amistoso entre o time feminino do Botafogo-PB contra as apenadas teve mais uma edição disputada nesta semana.

A ideia partiu da técnica dos Belas do Belo, Gleide Costa, há alguns anos, e virou uma tradição no cronograma de atividades da penitenciária. O objetivo é trazer um pouco de reflexão e esperança para a rotinas das mulheres privadas de liberdade.

“Há vários anos acontece essa ação e desde o ano passado a gente faz trazendo as meninas. É uma forma de a gente vir e trazer alegria através do futebol para essas mulheres privadas de liberdade e dizer para elas que o futuro pode ser um momento melhor, que elas possam refletir sobre as suas ações. E que a gente possa estar junto nessa ressocialização dessas mulheres”, disse a treinadora alvinegra.

Gleide Costa orientando os times antes da partida. (Foto: Vitória Soares/Arena Correio)

Uma das artilheiras do time das mulheres do Júlia Maranhão foi Priscila Fontes. Ela marcou dois dos cinco gols da sua equipe na partida. Além da satisfação em balançar as redes, a reeducanda também vê o amistoso como uma forma de ter uma melhor perspectiva. “Para mim é um orgulho. Tudo que eu não fazia na rua, estou fazendo aqui. É sempre uma oportunidade nova, para quando eu sair daqui ser uma pessoa nova”.

Mesmo jogando dentro do presídio, o jogo traz a sensação de liberdade para as apenadas, fazendo com que, por um momento, não existam os muros que as separam da vida fora do Júlia Maranhão.

Apesar de a gente estar privada de liberdade, são uns momentos que a gente tira para descontrair, para não pensar no mundo lá fora e não se sentir da forma que a gente se sente aqui dentro. Então, esses momentos servem de descontração, para a que a gente possa ficar mais unidas, todo mundo trabalhando em equipe, fazendo as coisas de acordo com o que a ressocialização nos permite. Temos os Jogos Internos, trabalho por leitura, escola, banda, coral. São coisas do nosso cotidiano que vão nos tirando a mentalidade daquilo que a gente já viveu. E por estar privadas em liberdade é um momento que a gente se sente livre, disse a reeducanda Larissa Rodrigues.

O resultado final do jogo foi 12 a 5 para o Botafogo-PB. No entanto, o placar é o que menos importa na partida. O que vale é mostrar que o esporte pode ser uma chance de levar esperança de dias melhores para as mulheres privadas de liberdade.

O Jogo da Esperança já virou uma tradição no presídio Júlia Maranhão. (Foto: Vitória Soares/Arena Correio)

“É algo que foge na rotina da unidade prisional. Embora, a prática de esportes seja algo comum – nós já temos todos os anos os Jogos das Reeducandas que são promovidos pelo estado – e esse jogo só veio para fechar o ano, com muita alegria, descontração, novas expectativas e novas esperanças e trazer o esporte para as meninas. O esporte é vida, o esporte é liberdade, o esporte transforma”, destacou Cinthya Almeida, diretora do presídio Júlia Maranhão.

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Foto: Vitória Soares/Arena Correio

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