O goleiro Luan Lacerda foi um dos destaques da seleção brasileira de futebol de cegos nos Jogos Paralimpícos de Paris 2024. Já na Paraíba e com a medalha de bronze no peito, o arqueiro contou, com detalhes, ao Arena Correio, como o time canarinho reagiu à derrota sofrida na semifinal para a Argentina e, dois dias depois, conseguiu se recuperar e garantir o terceiro lugar em solo francês.
De acordo com o paraibano, a derrota para os argentinos, a primeira brasileira em toda a história da modalidade, caiu como um baque dentro do grupo de jogadores. Porém, a experiência da equipe mais vencedora foi fundamental para deixar a frustração de lado e conquistar o terceiro lugar no pódio, ao vencer a Colômbia.
”Foi uma competição difícil. A gente foi bem na primeira fase. Ficamos em primeiro do grupo. Na semifinal, enfrentamos a Argentina, que é um clássico mundial. Geralmente, as finais são contra eles, e jogo sempre duro. Acabou indo para os pênaltis, onde nós perdemos. Fica aquele gostinho ali pelo ouro, porque nós estávamos buscando a segunda medalha de ouro seguida. Então fica aquele gostinho, porque a gente estava muito preparado. Não é fácil. Aquela semifinal foi um baque grande. Mas a gente teve um dia para recuperar mentalmente, para disputar a medalha de bronze. E aí, a equipe muito experiente, a gente conseguiu virar essa chave e enfrentar a Colômbia, ganhando a medalha de bronze”, comentou.
Para Luan Lacerda, a dificuldade encontrada pelos brasileiros nos Jogos de Paris não foi nenhuma novidade. Há algumas temporadas na modalidade, onde se consagrou entre os melhores goleiros do mundo, o paraibano enxerga que, com as mudanças nas regras do jogo, a disputa tende a ficar mais acirrada e os níveis das equipes ficarem cada vez mais próximos.
”A gente sabia da dificuldade que ia ser a competição. Para mim, foi a Paralimpíada mais complicada, mais difícil, tanto em relação às equipes que treinaram mais, que estudam muito o Brasil, como em relação a algumas regras que mudaram, o tempo diminuiu também. Então, para quem quer jogar a bola fica mais difícil. Quem quer só se defender e buscar uma bola, de repente, fica melhor”, disse.
Essa foi a terceira Paralímpiada de Luan Lacerda. Anteriormente, o goleiro já havia participado de duas campanhas que resultaram em medalha de ouro, no Rio de Janeiro (em 2016) e em Tóquio (em 2021).
Preparação em João Pessoa
Antes da ida a Paris, a Seleção Brasileira de futebol de cegos teve uma preparação intensa na Paraíba. Com João Pessoa adotada como casa, a equipe brasileira passou a ter um lugar fixo de treinos pela primeira vez. Desde janeiro, os jogadores passaram a morar na capital paraibana e treinar no Instituto de Cegos da Paraíba.
Sob o comando de Fábio Vasconcellos, que também já defendeu a meta da seleção, o Brasil foi à França com uma trinca paraibanos. Além do comandante, os goleiros Luan Lacerda e Matheus Leal também integraram o plantel brasileiro na conquista do bronze.