João Trindade é cronista esportivo, com larga experiência. Foi auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba.
Ora, direis, fazer poema para um goleiro…
Sempre admirei goleiros. Tanto que, em criança, nas peladas, enquanto nenhum menino queria jogar de goleiro, eu fazia questão de fazê-lo. E, segundo concepção geral, eu jogava bem. No Colégio Estadual de Patos, fui goleiro do primeiro time de handebol da cidade, treinado por Bastinho, jogador do Nacional e nosso professor de Educação Física, o introdutor daquele esporte, na “Morada do Sol”. Já em João Pessoa, atuava nas peladas de futebol de salão e de futebol de campo (nos campinhos de pelada; não era com traves oficiais).
Feita a introdução, vamos a Yashin.
No ano de 1965 (eu tinha 8 anos), após ver uma capa da Revista do Esporte com Carlinhos, meiocampista do Flamengo fazendo pontos (sim, não se usava esse antipático nome “embaixada” que se usa hoje), me apaixonei pelo rubro-negro carioca. Nas copas, tinha simpatia pelo time da União Soviética. Razão: o time era alvirrubro, a cor do Esporte de Patos. Achava linda aquela camisa com o CCCP. Tanto que, já adulto, comporei uma camisa “retrô”.
O goleiro da União Soviética era, na época, sem dúvida, o melhor goleiro do mundo!
Pois não é que, também em 1965, Yashin veio dar um treinamento para os goleiros do Flamengo?… Acompanhei toda a cobertura pela Revista do Esporte, que um de meus irmãos comprava, religiosamente.
Nunca mais deixei de ser fã de Yashin, que fez história e seu nome jamais será esquecido.
A seguir, um poema que fiz, há algum tempo, inspirado numa foto dele fazendo uma defesa espetacular:
O ARANHA NEGRA
João Trindade
E a bola vem, veloz,
Mas não passa.
E não alcança a rede.
As mãos hábeis,
O reflexo rápido.
Yashin, o ser supremo do futebol
Embaixo das traves.
O vulto negro,
O salto belo.
A bola que gruda nas teias
Do Aranha negra.