Professor Trindade
SEMPRE NA ÁREA

João Trindade é cronista esportivo, com larga experiência. Foi auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba.

Pegadas vitoriosas
19 de abril de 2024

Como todos sabem, dinossauros deixam pegadas. E o Sousa, com pegadas lentas, mas firmes, terminou dobrando o Botafogo e sendo campeão nos próprios domínios deste.

Não, não foi um lance de sorte; foi um lance de muita tática e paciência.

Seria muita pretensão minha achar que o técnico do Sousa mudou o esquema do último jogo por causa da minha coluna anterior, em que eu disse que ele não poderia armar um esquema só dependendo de Reinaldo.

Mas vocês perceberam que ele me “obedeceu”? Observaram que Reinaldo, no primeiro tempo do jogo do Almeidão, recebeu menos passes? E, no segundo, o treinador usou o mesmo diapasão? Se foi coincidência, não sei… Mas a verdade é que aconteceu.

A primeira etapa foi “morna”, embolada, com esquemas defensivos de ambas as partes: uma verdadeira repetição do primeiro jogo.

Pensava eu: “Será possível que vou aguentar, de novo, aquela monotonia de 90 minutos de pouca criatividade?”.

Terminado o primeiro tempo, tudo sinalizava para um repetitivo zero a zero e a final nos pênaltis; que a final iria para os pênaltis, eu tinha quase certeza, embora não quisesse um tempo regulamentar sem gols.

Ainda bem que, no segundo tempo, foi diferente. As equipes voltaram mais “acesas”, buscando, frequentemente, o gol, com ataques lá e cá. O Sousa abriu o placar, numa jogada bem articulada da esquerda. O Botafogo demorou, mas respondeu, com um gol de Bruno Leite (nessa final, em relação a gols do time pessoense, só deu ele, não?), deixando tudo igual no marcador.

Sousa festeja título no gramado do Almeidão (Foto: Wellington Faustino / FPF-PB)

Na cobrança de pênaltis, o time interiorano mostrou uma segurança incrível; os jogadores fizeram as cobranças de forma impecável, com muita técnica, consciência e determinação. A equipe da capital perdeu, não por “falta de sorte” ou porque, segundo alguns, “pênalti é loteria”, mas porque as duas penalidades desperdiçadas foram muito, mas muito mal cobradas mesmo!

O Sousa é campeão, com muito merecimento.

De tudo isso, fica uma lição para alguns idiotas que insistem em manter uma mentalidade inadmissível: Nacional de Patos e Sousa vêm provando, já faz algum tempo, que não cabem mais, para se referir a times do Sertão, expressões retrógradas,
debochadas e pejorativas do tipo: “time pequeno” e “time do interior”.

Mau procedimento.

Foi simplesmente absurda e antiesportiva a atitude do Botafogo em se recusar a receber, no pódio (não sei as recebeu depois), as medalhas de vice-campeão. Vice também é título. Mesmo porque tal atitude representa um desrespeito à equipe adversária e a todos
os verdadeiros desportistas paraibanos.

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