João Trindade é cronista esportivo, com larga experiência. Foi auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba.
“Tudo o que sei sobre moralidade e as obrigações do homem devo ao futebol”.
Essa frase é de um dos maiores escritores do mundo e que ganhou o Nobel de literatura, em 1957. É claro que não vou dizer o nome dele agora, mas adianto que foi goleiro reserva da seleção argelina. A principal obra dele é fruto de um contexto histórico que envolve a ascensão do Nazismo e a tragédia da segunda guerra mundial, ao tempo em que relata uma epidemia de ratos e transpõe os limites de uma individualidade de uma catástrofe vivida por uma cidade imaginária e, é óbvio, como toda obra literária de qualidade acima da média, abarca o universal. Afinal, como assinala uma das personagens, “a peste está dentro de nós”.
Vejamos as palavras finais do narrador do famoso romance: “(…) o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca; pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera, pacientemente, nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada”.
Você, querido(a) leitor(a), talvez seja uma daquelas pessoas que afirmem, inadvertidamente: “como é que um intelectual se passa a gostar de um esporte que apresenta 22 machos atrás de uma bola”?
Esse juízo, é óbvio, está equivocado. O futebol é, antes de tudo, uma arte. Que o digam Nélson Rodrigues, José Lins do Rêgo e o protagonista do nosso artigo.
Aliás, já está na hora de dizer:
Esse Nobel que amava futebol e que foi goleiro reserva da seleção argelina se chamava Albert Camus e é autor de uma obra prima da literatura mundial: “A Peste”, de que transcrevemos algumas passagens.
Principais obras de Camus, além de A Peste:
O Estrangeiro
O Avesso e o Direito
O Renegado
O Mito de Sísifo
Os Justos
Estado de Sítio
Réquiem para uma Freira