Professor Trindade
SEMPRE NA ÁREA

João Trindade é cronista esportivo, com larga experiência. Foi auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba.

No coração do torcedor, cabe mais de um amor
3 de abril de 2024

Sempre achei ridículo esse patrulhamento que alguns fanáticos têm contra as pessoas que torcem por times de fora.

Ora, é costume antigo torcermos por um time de fora, principalmente do Rio de Janeiro, tal o destaque destes, pelo menos até a década de 1980. Depois, houve o crescimento da admiração por times paulistas, mormente quando o São Paulo começou a ganhar muitos títulos e passou a envolver os torcedores mais jovens; logo após, foi a vez do Palmeiras. Na época da hegemonia dos cariocas, o único paulista que tinha destaque aqui no Nordeste era o Corinthians, que “rivalizava” com o Flamengo. Digo “rivalizava” (entre aspas) porque aqui, na Paraíba, e de resto em todo o Nordeste, excetuando-se Pernambuco, a liderança do Flamengo ainda hoje é disparada. Basta ver os jogos do time na nossa região: nos estádios, as camisas do rubro-negro carioca ocupam quase todo o espaço.

Aqui em João Pessoa, há um detalhe interessante. As torcidas do Vasco e do Botafogo são grandes. Tanto que o principal time da capital tem o nome de Botafogo, as cores (incluindo a estrela) sempre foram as mesmas, até à chegada do empresário José Flávio Pinheiro, que, por força do poder financeiro, forçou a barra e inventaram essa horrível estrela vermelha e de tornar o Botafogo “tricolor”.

Aqui no bairro onde moro – Bairro dos Estados – depois dos rubro-negros os torcedores do Vasco e Botafogo carioca lideram. É impressionante a torcida do Vasco no Bairro dos Estados e em Mandacaru. Este último tem (ou pelo menos tinha, até pouco tempo) até um bloco tradicional com o nome do time, que desfila pelas ruas e é destaque, em todo carnaval, aqui nas redondezas.

Por isso, não aceito tal patrulhamento. Os “patrulheiros” alardeiam: “É ridículo torcer por time de fora; tem que torcer só pelos daqui”.

Não, não é ridículo torcer por time de fora; e não “tem que torcer” só por um daqui; uma coisa não elide a outra. Qual o problema de eu torcer por um time de fora e um daqui, simultaneamente? Paixão não pode nascer de obrigação; é natural, instintiva; inexplicável.

Ridículo mesmo é quando vejo um desses “patrulheiros” radicais com a camisa do Real Madrid, Manchester City ou outro time estrangeiro qualquer se reunindo com amigos em bar para torcer por equipes de outro país, enquanto raramente vai ao Almeidão.

Aí, essas figuras, quando são apanhadas em flagrante, dizem: não, eu torço pelos brasileiros que jogam lá…

Tudo hipocrisia, coisa tão comum nos tempos atuais!

Robinho e a progressão de regime

Leitor me pergunta se Robinho, mesmo havendo sido condenado por estupro, tem direito a progressão de regime.

Tem sim. Poderá ir para o regime semiaberto em 2027, caso tenha bom comportamento, uma vez que o Código Penal assegura que tal benefício deve ser concedido após o cumprimento de 40% da pena, o que correspondente a 3,6 anos.

Se ele trabalhar ou estudar, poderá ter a remissão da pena, o que antecipa o cumprimento. A cada três dias de trabalho ou estudo, terá a diminuição de um dia de pena. Para alcançar o regime aberto, terá que que cumprir mais 40% da pena restante: 2,2 anos.

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