Professor Trindade
SEMPRE NA ÁREA

João Trindade é cronista esportivo, com larga experiência. Foi auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba.

Mais um fracasso!…
11 de julho de 2024

Há muito, não torço pela seleção brasileira. Irrito-me quando alguém, ao ouvir essa minha sentença, afirma:

— Já sei!… É por causa do 7 x 1…

Não, não é por causa do 7 x 1!

Em verdade, a última – e única – vez em que torci, fervorosamente, pela seleção canarinho eu tinha 12 anos e morava em Patos (PB). Dava gosto ver o (quase) perfeito escrete tricampeão de 1970 brilhar e bailar em campo; dava gosto o amor e a raça com que atuavam; o colaboracionismo dos atletas. Atletas que, na verdade, eram tão experientes e genais que, nos momentos de dificuldade tática em campo, eles mesmos arrumavam o time, combinando, por gestos, as jogadas, dentro de campo.

Sim, porque Zagalo ficou com a glória, mas quem preparou mesmo o time foi João Saldanha, que, por ordem da ditadura militar, foi demitido. Essa mesma ditadura que houvera convidado Saldanha, mas, após o sucesso nas eliminatórias, e, às vésperas da Copa, chamou Zagalo, que mudou o esquema (de 4-2-4 para 4-3-3), fez algumas mudanças equivocadas, atendendo aos pedidos do general de plantão (Médici), mas, sabiamente, manteve a base, com craques como Pelé, Gérson, Tostão, Jairzinho, Rivelino… Quase todos, enfim.

Depois de 1970, veio o fiasco de 1974, com o mesmo Zagalo como técnico (interessante que a imprensa exalta Zagalo como “vencedor de todas as copas de que participou – como jogador e treinador”), mas, com raras exceções de alguns cronistas, omite que, em 1974, quando nossa seleção obteve o vergonhoso 4º lugar ao perder – e levar um baile – da Holanda, o técnico era ele.

E não me venham com aquela ridícula história de que a seleção de 1982 “foi a melhor do mundo” e “campeã moral”. Não existe campeão moral. A seleção de 1982 não era a melhor do mundo; tanto que ficou em 5º lugar, na classificação geral.
Não torço mais, por um motivo muito simples: a seleção brasileira hoje é cheia de “forasteiros”, que atuam fora do Brasil, não têm o mínimo amor pela camisa e pelo país; estão mais preocupados com contratos e patrocínios. Quase sempre foi assim, mas, nos últimos tempos, a coisa piorou.

Técnico Dorival Júnior esteve na disputa da Copa América usando conjunto em homenagem a Zagallo (Foto: Rafael Ribeiro / CBF)

Triste retrospectiva dos últimos anos

Você se lembra quando foi o último título da seleção brasileira? Eu me lembro! O último título foi há cinco anos: a Copa América de 2019. Tite era o técnico; o mesmo Tite que cometeu falhas na Copa do Mundo de 2018 e de 2022, tendo deixado escapar o título para a Argentina, na Copa América de 2021, em pleno Maracanã. 

Em Copa do Mundo, nem se fala! O último título foi o pentacampeonato, em 2002. E, em 2014, tivemos o funesto e inesquecível 7 a 1.

Espera ridícula e o novo fracasso

A CBF, após cometer uma espera ridícula, por quase um ano, pelo técnico Ancelotti, que nunca confirmou que viria, não veio – e nunca virá! – colocou dois treinadores interinos (um após o outro, óbvio): Ramon Menezes e Fernando Diniz. Decidiu, após o sexto lugar nas Eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2026, contratar Dorival Júnior, um ótimo técnico, mas que não vem realizando um trabalho satisfatório.

A verdade é uma só: na situação atual do futebol brasileiro, técnico não resolve a questão: as inúmeras ingerências de diversas naturezas, principalmente ligadas a patrocínios, não deixam o técnico trabalhar e escalar a equipe que ele considera ideal.

Brasil foi eliminado após duelo contra o Uruguai, no último sábado (Foto: Rafael Ribeiro / CBF)

E o fracasso veio, mais uma vez!…

Só que, na Copa América deste ano, o que vimos foi um time perdido taticamente, sem conjunto, com esquemas e substituições equivocados.

Os uruguaios eram, com razão, favoritos antes da partida em Las Vegas.

O jogo foi ruim. O time uruguaio cometeu muitas faltas e o Brasil não conseguiu mostrar um bom futebol: o esquema era confuso; como sempre, não houve toques de bola rápidos, as falhas de sempre; nenhuma jogada ensaiada; não houve chutes de longa distância. Nem o batido “chuveirinho” proveniente da linha de fundo apareceu.

E o pior: Mesmo jogando com um homem a mais, a partir dos 29 minutos do segundo tempo, o time se manteve inerte. Para piorar, as substituições feitas por Dorival foram equivocadas e inócuas.

Como sempre, jogando pelas laterais, como já fizera – sem sucesso – contra a Colômbia, coroou a incompetência na cobrança dos pênaltis, sendo, por isso, desclassificado.

Entendeu por que não torço mais pela seleção brasileira, leitor(a) amigo(a)?

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