João Trindade é cronista esportivo, com larga experiência. Foi auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba.
Tomando como base as duas últimas partidas das semifinais do campeonato paraibano (Serra Branca x Botafogo e Treze x Sousa), eu já pressentia que a primeira partida da final entre Sousa e Botafogo, na cidade interiorana, seria insossa.
E não deu outra!
Decepcionante o jogo, levando-se em consideração ser a primeira partida de uma final de campeonato.
Os dois times entraram em campo com esquemas iguais, fechados, e o mais estranho é que o Sousa, que teoricamente precisava do resultado, já que vencendo teria a vantagem do empate em João pessoa, insistiu num esquema defensivo, com três volantes. O Botafogo também entrou com um esquema defensivo, embora, no caso do alvinegro, fosse compreensível; um empate seria – como foi – um ótimo resultado para o time da capital.
Foi um jogo chato, com movimentações que levavam a ataques sem qualquer objetividade. Parecia até que os dois times estavam jogando pelo empate. No primeiro tempo, não houve qualquer ataque com real perigo de gol! Como disse, os times
tocavam muito a bola, mas sem objetividade. Na primeira etapa, o Sousa foi ligeiramente melhor, situação que se inverteu na segunda. No primeiro tempo, no entanto, o time interiorano se resumiu a ataques que tinham uma só jogada: bola lançada
para Iranílson, na ponta direita, que driblava um ou outro adversário e cruzava – quando conseguia cruzar – sem nenhuma objetividade. Outra ação – a mais usada – era a teimosia em insistir em bolas para Reinaldo – o time estava jogando só em função de Reinaldo! – que, apesar de muito bem marcado, insistia em dribles e jogadas individuais. Havia horas em que parecia querer driblar todo o time adversário.
A segunda etapa foi uma repetição da primeira, embora o Botafogo tenha vindo bem melhor; mas sempre com o cuidado de “amarrar” o adversário e conseguir o objetivo traçado: empatar o jogo.
E a partida terminou, melancolicamente, empatada em zero a zero.
Em João pessoa, embora mando de campo e torcida não sejam nenhuma garantia de vitória ou de título, o time da capital é ligeiramente favorito; basta ousar mais, perder o “medo” de atacar, ir para a frente, mudar algumas peças – eu não escalaria mais Warley Júnior começando a partida e também não deixaria Bruno Leite no banco – e fazer pelo menos o gol da vitória.
Quanto ao Sousa, tem que mudar a filosofia. Se jogar do jeito que jogou sábado, perderá.
Por outro lado, se o Botafogo insistir em repetir o esquema do primeiro jogo da final, a partida irá, inevitavelmente, para os pênaltis.
E a estrela de Pipico não brilhou…
Pipico esteve muito apagado na partida; tanto que foi, corretamente, substituído. O treinador do Botafogo precisa bater um papo com ele.
Bruno Leite
Embora não tenha tido uma grande atuação – como de resto todo o elenco – precisa de uma chance nesse time. Não pode continuar no banco.
Reinaldo
Alguém precisa dizer ao treinador do Sousa que por mais que um jogador seja bom – que é o caso de Reinaldo – não se pode armar um esquema de jogo dependendo apenas de tal atleta.
Bronca
Os treinadores brasileiros, mormente os que atuam na Paraíba, agora estão armando esquemas não para vencer (o normal em futebol), mas para não perder! Que coisa triste e absurda.