João Trindade é cronista esportivo, com larga experiência. Foi auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba.
Toda criança tem seus ídolos, cuja lembrança guarda para sempre. É como se fossem família e a recordação deles faz parte da nossa vida. Os adultos também os têm, mas, com o tempo, vão escasseando, até que a realidade e a dureza da vida tratam de aniquilá-los.
No âmbito do futebol, a maioria dos meus ídolos – é claro! – são goleiros. Digo é claro porque desde a mais tenra idade sou fascinado por goleiros. Não é à toa que, com apenas quatro anos de idade, eu brincava com meus irmãos e dizia que era Castilho.
Eu queria ser Castilho e imitava-lhe o jeito de jogar. Um dia, meu irmão mais velho (os dois eram bem mais velhos que eu) disse: – Você está soltando demais a bola; tem que agarrar. Respondi: – Mas eu quero ser Castilho!
Castilho era goleiro do Fluminense e reserva da seleção brasileira. Todos diziam que era melhor do que Gilmar (o titular), mas ficava na reserva porque “queimava” a bola demais!… Ou seja: soltava, sem agarrar. Só muito mais tarde, já adulto, eu soube que o grande goleiro era daltônico e, por isso, nos jogos noturnos, não podia segurar, com firmeza, a bola.
Como disse, meus grandes ídolos era os goleiros.
Goleiros de quem fui fã
O goleiro de quem fui mais fã: Celimarcos, do Esporte de Patos. Sem dúvida, o melhor goleiro que já vi jogar! Eram célebres os duelos entre ele e Val, do Santos (de Tereré), nos torneios-inícios. Não é à toa que as decisões dos tais torneios do campeonato paraibano eram, quase que invariavelmente, entre Esporte de Patos e Santos; e eram disputados nos pênaltis, cada um dos goleiros fazendo milagre nas traves. As disputas dos pênaltis demoravam uma eternidade, porque Celimarcos e Val não deixavam a bola passar!…
Depois, veio Menininho, também do Esporte, que protagonizou um show de defesas no torneiro início de 1972, em João Pessoa e o Esporte, como de costume, foi campeão.
Era uma contradição: Esporte e Santos eram, costumeiramente, campeões do torneio início, mas no campeonato mesmo, na classificação, quase sempre ficavam “lá no rabo da gata”.
Bons tempos…
Depois, na lista dos meus ídolos goleiros, figuram:
Franz, Marcial, Renato e Raul (Flamengo).
Ado (reserva de Félix, na seleção brasileira).
Yashin (o “Aranha negra”). Da seleção da então União Soviética. Esse é, sem dúvida, depois de Celimarcos, o maior ídolo meu.
Ídolos não goleiros
Toinho, Totinha, Talvanes, Dedezinho (do Esporte de Patos).
Carlinhos, Paulo Henrique, Zico, Almir, Zanata, Nunes (do Flamengo).
Adelino (do Treze).
Edu (irmão de Zico), do América do Rio.
Desligo-me do meu gramado imaginário e fecho os olhos, com muita saudade da infância e dos tempos “que não voltam mais”…