João Trindade é cronista esportivo, com larga experiência. Foi auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba.
O Botafogo, campeão da mais recente Libertadores e do Brasileirão, levou, de maneira lastimável, uma goleada contra o Pachuca, campeão invicto da Concacaf, pela Taça Intercontinental.
Muita gente está “descendo a lenha” no time alvinegro; sobretudo, o perverso “tribunal” das redes sociais.
Para quem tem a mínima noção de futebol, o desfecho era, senão esperado, previsível. Ora, o resultado de uma partida não depende só do jogo em si.
Após vencer o Palmeiras, em São Paulo; Atlético Mineiro, em Buenos Aires; o Internacional, em Porto Alegre: participar de uma festa no Rio de Janeiro, em comemoração ao título nacional, o time viaja para o Qatar, chega na noite da segunda- feira (9) e entra em campo 48 horas depois, para enfrentar a equipe mexicana, há um mês se preparando para o jogo, e naquele país, desde a sexta-feira.
Isso é, simplesmente, inadmissível e desumano! Atletas precisam de descanso, como quaisquer outros seres humanos. Para os pés trabalharem, o corpo tem que estar descansado, a cabeça tranquila e não basta apenas força de vontade.
É claro que o cansaço não serve como desculpa, mas é uma justificativa plausível. O Pachuca jogou melhor? Sim, jogou. Mas se os alvinegros estivessem em plena forma (não apenas física), o resultado poderia ser outro.
No meu entendimento, o Botafogo deveria ter entrado com os titulares e tentar resolver o jogo logo no primeiro tempo. Mas tudo isso são ilações e futebol não é feito de ilações.
Uma coisa é certa: o futebol brasileiro, pela desorganização, pela falta de compromisso e desrespeito aos atletas e torcedores, faz tempo está desacreditado. E não me venham com a velha cantilena do decantado 7 a 1.
Não se pode levar ao pé da letra a bela canção de Lamartine Babo (hino do Botafogo). O alvinegro é glorioso, mas pode perder, sim.
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Foto: Vitor Silva/Botafogo