Vitória Soares
Elas em Jogo

Paulista em terras paraibanas, formada em Jornalismo pela UFPB. Apaixonada por esportes, especialmente, pelo futebol.

Casos Daniel Alves e Robinho: um jogo onde tudo vale
30 de março de 2024

A saída de Daniel Alves da prisão, enquanto aguarda o julgamento do seu recurso, representa uma derrota por goleada na luta por um mundo mais seguro para as mulheres. 

O ex- jogador brasileiro foi condenado pela Justiça espanhola a quatro anos e meio de prisão por estuprar uma mulher no banheiro de uma boate. 

Nesse jogo, basta o homem ter um pouco mais de 1 milhão de euros (R$ 5 milhões), que ele sai pela porta da frente da prisão, com a cabeça erguida, como se nada tivesse acontecido. Enquanto isso, a vítima e todas as outras mulheres sentem que toda essa luta é em vão, como se não fosse possível vencer esse jogo. 

Quatro dias antes de Daniel Alves sair da prisão, Robinho foi preso pelo mesmo crime. No caso do ex-jogador dos Santos e da Seleção Brasileira, ele foi condenado pela Justiça italiana pelo estupro coletivo de uma jovem albanesa, em 2013. 

A condenação de nove anos de reclusão para Robinho só saiu em 2022. Mas como ele estava no Brasil, não poderia ser feita a sua extradição para a Itália. Robinho passou dois anos vivendo normalmente, jogando futevôlei nas areias santistas, frequentando as dependências do Santos, tendo certeza da impunidade.

Precisaram-se de dois anos de pressão da sociedade e de uma parte da imprensa para que a Justiça brasileira julgasse o caso no país e decretasse a sua prisão.

Agora, com Robinho preso, ganhamos um pouco de esperança nesse jogo. Mas o caminho ainda é longo para que consigamos virar esse placar na luta pelo fim da violência contra a mulher. Não existe o “se houve crime, tem que ser condenado”, ou “ele é uma pessoa fantástica”, de algo que já foi provado pela própria justiça. 

O silêncio de muitos jogadores também diz muito. As figuras de ídolos que Robinho e Daniel representaram dentro de campo para os que ainda atuam não podem servir para relativizar o que eles fizeram fora. Se eles são “ídolos”, precisam dar exemplo, o que não aconteceu.

Precisamos de aliados de verdade para tentar virar o placar desse doloroso jogo.

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