Paulista em terras paraibanas, formada em Jornalismo pela UFPB. Apaixonada por esportes, especialmente, pelo futebol.
Nos últimos dias, o futebol feminino brasileiro foi marcado por uma onda de protestos. Jogadoras de praticamente todos os times que disputam a Série A1 do Brasileirão Feminino fizeram um ato de repúdio em apoio às atletas dos Santos que denunciaram o então técnico Kleiton Lima de assédio sexual.
No ano passado, 19 jogadoras das Sereias da Vila divulgaram cartas relatando vários episódios de assédio sexual e moral que teriam sido cometidos pelo treinador Kleiton Lima. Ele chegou a sair do cargo, mas retornou nesta temporada ao comando técnico do time feminino do Santos.
A volta de Kleiton Lima causou uma grande repercussão e gerou muitas dúvidas sobre como esse caso foi conduzido pelo Santos. Ele sempre alegou que as acusações eram mentirosas e disse que até chegou procurar a polícia para que fosse aberta uma investigação contra as jogadoras, já que elas não abriram um boletim de ocorrência. Em uma coletiva, Thaís Picarte, coordenadora de futebol feminino do Santos, falou que o clube fez uma investigação interna, ouviu todas as jogadoras e chegou à conclusão que as denúncias não tinham provas consistentes contra o técnico.
Após a coletiva, jogadoras e outras que não estão mais no Santos disseram que não foram procuradas em nenhum momento pelo clube a respeito das denúncias de assédio.
Na mesma semana em que Kleiton Lima foi apresentado nas Sereias da Vila, uma outra atleta também relatou que foi vítima de assédio do treinador.
Enquanto o Santos tentava abafar o caso, como se nada tivesse acontecido, jogadoras se mobilizaram em mais um ato de coragem para prestar apoio às vítimas e protestar contra os atos assédio sexual. Historicamente, o futebol feminino sempre foi marcado pela resistência e luta. As mulheres que fazem o esporte usam a visibilidade dos campos para trazerem temas sérios que são ignoradas ou tratados como irrelevantes.
Com a onda de protestos e a grande repercussão, Kleiton Lima se afastou do cargo, justificando que sua família estava sofrendo ameaças. O presidente do Santos, Marcelo Teixeira, disse que o clube vai atuar até o fim em casos de assédio e desafiou que as denúncias não sejam feitas de forma anônima, mas sim corajosas.
Não faltou coragem às 19 jogadoras que fizeram as denúncias. Mesmo que não tenham feito o boletim de ocorrência e tenham escolhido pelo anonimato por medo de represálias. O Santos, ao não ouvir os relatos de suas próprias atletas e tratar com pouco caso, manchou a história de um time que sempre foi uma referência no futebol feminino.