Professor Trindade
SEMPRE NA ÁREA

João Trindade é cronista esportivo, com larga experiência. Foi auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba.

Brilhante no clube, apagado na seleção
4 de julho de 2024

A morte de Dudu, grande volante que fez dupla, no meio-campo, com o genial Ademir da Guia, no Palmeiras dos anos 1960, me fez recordar, com certa nostalgia, do segundo, de quem eu era um dos fãs, na minha infância.

Ao mesmo tempo, a recordação da figura de Ademir me fez lembrar, também, de um
questionamento que, de vez em quando, volta à baila: Por que alguns jogadores são geniais atuando pelo time deles, mas não pela seleção?

Esse é o caso, além de Ademir, que demorou muito a ser chamado para a seleção, e, quando o foi, não brilhou, também, de Zico. O “galinho de Quintino”, era brilhante no Flamengo, mas não conseguia o mesmo futebol na seleção brasileira. Exímio cobrador de faltas, de vez em quando perdia pênaltis, em momentos cruciais; tanto jogando pelo Flamengo como pela canarinho. Aliás, perdeu o pênalti que desclassificou nossa seleção na copa de 1986.

Outro jogador brilhante, considerado um fenômeno e um dos melhores do Brasil, Dida, que jogava no Flamengo, era perfeito atuando pelo rubro-negro, mas uma negação quando vestia a camisa da seleção. Dizem que toda vez que atuava pelo escrete se tremia todo e, por isso, não rendia. É o que o jargão esportivo chama de “peso da camisa”.

Dudu (E) e Ademir da Guia

Mas, deixando os aspectos psicológicos de lado, vamos ao lado tático, propriamente dito: São muitas as razões que fazem um jogador atuar bem pelo clube no qual joga, e mal pela seleção, chegando a ter a pecha de “atleta de clube”; mas creio que a principal é o fato de muitos treinadores sacrificarem o talento e a técnica do jogador em determinada posição e fazê-lo, em nome do esquema tático, atuar noutra posição que não a dele.

Um fato notório e emblemático é o de Piazza, um volante perfeito no Cruzeiro, consagrado como atleta pelas boas atuações, e que, na seleção brasileira tricampeã de 70, foi, apesar de haver jogado bem, um atleta sem brilho, por haver sido escalado para a quarta zaga, quando sua real posição era volante. Por esse motivo, ficou, para sempre, magoado com Zagalo, a quem nunca perdoou. Não escondeu a mágoa sequer na cerimônia de premiação dos jogadores aqui no Brasil e, certa vez, em entrevista, afirmou que o título não lhe deu alegria, porque atuara numa posição que não era a dele e em nenhuma das partidas se sentiu à vontade.

Má atuação

Muito ruim a atuação da seleção brasileira contra a Colômbia, terça-feira (2/7), pela Copa América.

O time dominou as ações até a metade do primeiro tempo; no segundo, foi o inverso: quem o fez foi a Colômbia. Na segunda etapa, o domínio foi total do time adversário do nosso, que “deu um baile”.

O Brasil insistia nos ataques pelas pontas; não havia jogadas pelo meio; não havia ligação meio-campo/ataque, sem contar com a infinidade de passes errados.

Ao final, o empate ficou de bom tamanho.

O Brasil está classificado, mas o time precisa melhorar muito!

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