Repórter do Portal Correio e comentarista do "Correio Esporte", apaixonado por futebol e pelo universo das corridas
Há 30 anos, completados na última quarta-feira (27), começava uma das temporadas mais memoráveis da Fórmula 1. E não exatamente por disputas acirradas ou momentos de brilhantismo nas pistas: foi um ano marcado por polêmicas, trapaças e tragédias.
Lembro bem que a expectativa era grande para o GP Brasil de 1994, corrida que abria a temporada. Alain Prost, campeão com a Williams no ano anterior, tinha aposentado e abriu caminho para que Ayrton Senna finalmente pudesse ir para a equipe do “carro de outro planeta”, como ele mesmo definiu os modelos dos ingleses que dominaram o mundial em 1992 e 1993.
Na mente do garotinho (eu) que, não fazia muito tempo, tinha completado 7 anos de idade, ainda vinham as cenas da corrida do ano anterior, na qual Senna, com uma McLaren visivelmente inferior às Williams, venceu de forma categórica uma corrida marcada por uma chuva intensa e uma exibição memorável do tricampeão.
Duas cenas dessa corrida me marcaram: a primeira, a ultrapassagem sobre Damon Hill (Williams), que resumia todo o talento e arrojo de Senna nas pistas; a segunda, Senna, já vencedor, comemorando nos braços da torcida que invadiu a reta oposta de Interlagos.
Voltando a 1994… Senna terminou os treinos livres e conseguiu a pole na classificação, mas a Williams já mostrava que não teria a supremacia dos dois anos anteriores – em tempo, dispositivos eletrônicos como a suspensão ativa, que favoreceram muito a equipe inglesa, foram banidos a partir desta temporada.
Eu, logicamente, ainda não tinha muito conhecimento desses detalhes. Como muitos brasileiros, esperava que Senna repetisse aquele feito do ano anterior e vencesse logo na estreia em sua nova equipe.
Na corrida, o brasileiro perdeu a liderança para Michael Schumacher, da Benetton, após o pit stop. Senna tentava recuperar o tempo perdido, mas rodou na saída da Junção. Mal sabia que aquela seria a última vez que veria o campeão correr em casa…
O que aconteceu no fim de semana de duas etapas depois, no GP de San Marino, é assunto para uma próxima coluna.