Protagonistas de um dos maiores clássicos do futebol da Paraíba, Treze e Botafogo-PB têm o Amigão, em Campina Grande, como palco de duelos inesquecíveis ao longo de 419 partidas entre os dois clubes neste confronto. Nesta quinta-feira (21), pela Copa do Nordeste, Galo da Borborema e Belo voltam a se encontrar em busca de mais um capítulo que se torne especial na memória dos torcedores.
Neste século, alguns confrontos entre os clubes fortaleceram ainda mais a rivalidade entre Treze e Botafogo-PB. Entre vitórias icônicas, títulos inesquecíveis e polêmicas que deram o que falar, a reportagem do Arena Correio separou três embates que vão aquecer o saudosismo dos alvinegros, com alguns recortes do Jornal Correio da Paraíba.
09 de maio de 2010
- Treze 2 x 2 Botafogo-PB (Quadrangular final do Paraibano)
Favorito ao título e com jogadores que justificavam tamanho otimismo por parte da torcida, o Treze parecia viver numa contagem regressiva para a conquista de mais um título estadual. O encontro com o Botafogo-PB naquela tarde de domingo, pela 5ª rodada do quadrangular final, poderia definir quem chegaria à liderança faltando uma rodada para o término desta fase e, consequentemente, do campeonato. Líder e vice-líder mediam forças numa final antecipada.
Do lado trezeano, Ferreira, Thiago Messias, Pio, Rone Dias, Miltinho, Vavá e Cléo Paraense, que eram comandados por Marcelo Vilar. Do lado botafoguense, Genivaldo, Val, Chapinha e o artilheiro Edmundo, que eram regidos por Itamar Schulle.
O Amigão estava lotado, e a rivalidade nas arquibancadas era grande, principalmente porque o Treze ainda não havia perdido para o Botafogo-PB naquela edição. E a escrita se manteve.
De pênalti, Pio abriu o placar para o Galo, mas Paulinho Macaíba empatou para o Belo, nos primeiros 45 minutos de jogo.
Na etapa final, Edmundo, artilheiro daquela disputa com 24 gols, virou o jogo para o Alvinegro da Estrela Vermelha e injetou esperança de um título paraibano que já não acontecia havia sete anos. Ele foi responsável também pelo assombro de ser novamente o carrasco do Galo, como já havia acontecido um ano antes, quando jogava pelo Sousa.
Só que os momentos finais do jogo reservaram a emoção que definiu a disputa. O craque Miltinho, que entrara em campo no segundo tempo, fez valer o melhor ataque da competição, com 47 gols, e resolveu a partida. Aos 44 minutos do segundo tempo, ele arriscou um chute de dentro da meia-lua, após um bate-rebate na área, e fez o Amigão explodir de emoção. Ali, o torcedor trezeano sabia que seria campeão paraibano. O torcedor do Belo tinha convicção de que, naquele ‘golpe’, o título havia escapado de suas mãos.
Na rodada final do quadrangular, o Treze venceu o já desclassificado Campinense por 2 a 0 e faturou o título paraibano daquele ano.
08 de maio de 2011
- Treze 4 x 0 Botafogo-PB (semifinal do 2º turno do Paraibano)
O ano virou, mas a hegemonia do Treze seguia erguida. Agora com os reforços do meia Doda e do atacante Warley, o Galo da Borborema continuava favorito a mais um título paraibano e ainda mais forte em busca do acesso à Série C do Brasileiro.
Só que, no Campeonato Paraibano, um outro confronto, agora em formato mata-mata, contra o Botafogo-PB, traria o incômodo e a injeção de motivação para que o clube alcançasse mais uma taça. Na fase semifinal do segundo turno, o Galo era favorito, mas o Belo usou da grandeza para colocar mais fogo no clássico e na competição.
No primeiro jogo, no Almeidão, o Botafogo-PB atropelou o Treze com um impiedoso e até inesperado 4 a 0. Para o jogo da volta, por ter tido melhor campanha na fase de grupos, o Alvinegro de Campina Grande precisaria devolver uma vitória pela mesma diferença de gols. Parecia impossível, mas os atletas do Galo fizeram acontecer mais uma classificação histórica.
O Amigão não estava lotado, mas a torcida trezeana se fez presente em um número expressivo. E viu, mais uma vez, a história ser escrita num jogo repleto de polêmicas. Warley, de pênalti, Doda, Weverson e Vavá marcaram os gols que inverteram o placar, a vantagem e a festa nas arquibancadas.
No entanto, o resumo dessa história não foi só de celebração. No gol da classificação, marcado por Vavá, o atacante foi comemorar do lado do banco de reservas e da torcida do Botafogo-PB, fazendo um gesto de metralhadora. A partir daí, uma confusão se instalou, generalizou e virou caso de polícia após uma pancadaria que aconteceu do lado de fora do gramado.
O goleiro Carlos e os atacantes Cléo e Vavá, do Treze, além do goleiro Genivaldo e do zagueiro Henrique, Botafogo-PB, receberam o cartão vermelho. Já o técnico Maurício Cabedelo, do Belo, deu um soco no árbitro Jeferson Rafael, foi também expulso da partida, algemado, levado até uma delegacia da cidade e solto após prestar depoimento.
Na final, o Treze fez valer a vantagem de ter a melhor campanha, empatou os dois clássicos contra o Campinense e faturou o estadual daquele ano.
30 de maio de 2013
- Treze 0 x 3 Botafogo-PB (Final do Campeonato Paraibano)
O fim de um tabu de nove anos sem título. Um desfecho emocionante e inesquecível. O recomeço de uma história que parecia se degradar a cada ano. A jornada de 2013 foi singular, para o Botafogo-PB, pelo título paraibano conquistado de forma cinematográfica, pelo acesso à Série C e por um título inédito de Série D do Brasileiro para o futebol da Paraíba. Só que essa trinca de feitos tem a raiz fincada numa trajetória construída no primeiro semestre, na disputa estadual, coroada no dia 30 de maio daquele ano.
O Belo tinha um elenco recheado de jogadores que construíram a história do Treze nos outros dois confrontos citados nesta matéria: o lateral-direito Ferreira, o zagueiro André Lima, o lateral-esquerdo Celico, o volante Fernando, o meia Doda e o atacante Warley.
O encontro, naquela oportunidade, era pela grande decisão da disputa estadual. O Galo da Borborema era novamente detentor das vantagens na final e jogava por dois resultados iguais. E o título pareceu mais próximo após o primeiro jogo da final no Almeidão, em João Pessoa. Vitória por 1 a 0 do time de Campina Grande, com gol de Birungueta na etapa final e uma apresentação intocável do goleiro Beto.
No jogo de volta, os recortes da final podem ser descritos através de um Amigão lotado e pulsante, de um confronto nervoso, controlado em grande parte pelo Treze, mas também por uma virada heróica pelo lado do Alvinegro da Estrela Vermelha.
O resultado final de 3 a 0 para o Botafogo-PB, com gols marcados pelo atacante Wanderley, pelo volante Hércules e pelo lateral-direito Ferreira, marcou um título inesquecível na memória dos botafoguenses, mas também na história do Amigão e do Clássico Tradição.